sábado, 30 de outubro de 2010

Porque o Serra não será eleito

Este blogueiro arrisca-se a antecipar o resultado de amanhã para elencar os principais motivos, a seu ver, que levarão Serra a não conseguir se eleger Presidente do Brasil.

Essa deve ser a última tentativa do tucano, já que Aécio, pressionado, cedeu sua vez, mas está se preparando para vir com tudo em 2014.

Analisando o decorrer da campanha eleitoral, temos bastantes motivos para apontar escolhas erradas de estratégia, que levarão o tucano ao fracasso nesse pleito presidencial de 2010.

1 - Racha Tucano:

Não é bom começar a campanha já com um grande revés. Para ser o escolhido do partido, Serra pegou as pesquisas da época, que o apontavam como favorito, e praticamente passou como um rolo compressor em cima de Aécio. Não levou em consideração o sucesso do governo mineiro e nem o bom relacionamento de Aécio com o presidente Lula. Subestimou a força de uma chapa puro sangue.

Mais uma vez o tucanato paulista decidiu, impôs e esqueceu que os outros grandes centros do país, principalmente o nordeste, são fundamentais nas eleições.

Assim, preferiu a verba de um Índio sem expressão alguma para ser vice, em detrimento de uma chapa possivelmente capaz de combater um presidente-mito.

O apoio de Alckmin e Aécio, agora no final da campanha, é apenas para mostrar ao partido e lavar as mãos da derrota de Serra.

Entretanto cabe ao FHC um mea-culpa. Figura máxima do partido, ele deveria ter atuado de forma ativa em unificar o partido e permitir uma decisão consensual - coisa que Lula fez com facilidade mesmo após decidir sozinho que queria a Dilma.

2 - Imagem:

Serra não conseguiu consolidar uma única imagem durante o processo eleitoral. No início, por medo da força quase mítica de Lula, tentou lançar-se como um legítimo sucessor, usando até a imagem do presidente em sua campanha na TV. Soou mal. Passou então a oposição implacável, criticando tudo que fora feito pelo PT. Esqueceu-se apenas que não é tarefa simples criticar um governo que finda com 81% de aprovação popular.

Também forçou uma imagem empática, quando o país sabe que simpatia não é seu forte. É complicado terminar todo debate com aquele discurso de paz amor, se minutos antes o telespectador havia presenciado debates tensos e nada amigáveis.

3 - Escândalos:

Serra aproveitou-se dos escândalos de forma amadora e não conseguiu tirar deles nenhum abalo significativo a candidatura petista. Usou até a própria família para se vitimizar e não houve eleitor que desse atenção a um trololó ocorrido há um ano. Ou seja, o tucano guardou informação para uso político e ficou fácil perceber isso.

4 - Religião:

Serra nunca foi evangélico, mas de repente, de maneira não muito crível, virou o maior seguidor de Jesus. Tal qual capaz inclusive de parafrasear texto bíblico em santinhos, na tentativa de se alçar representante desse grande grupo social. Soou falso demais.

Tudo que ele iria acabar conseguindo, se tivesse mais tempo antes do primeiro turno, era perder o segundo lugar para Marina, essa sim realmente ligada à bancada evangélica. O tucano acabou sendo mais um numa guerra particular por poder dentro da igreja, no confronto direto entre Silas Malafaia e o bispo Edir Macedo.

5 - Central de Boatos:

Na falta de uma estratégia eleitoral assertiva, o tucanato espalhou uma série de boatos sobre a petista. Do dia para a noite, Dilma praticamente virou o anticristo, assassina de criançinhas, lésbica, ameaça as famílias, entre outros.

Na ânsia de virar o jogo, o PSDB esqueceu lições importantes: Todo manual de publicidade ou marketing diz que é melhor roubar as características do produto líder que tentar desqualificá-lo. E falhou quando não observou que o ex-prefeito do Rio, César Maia, maior usuário de factóides em eleições, terminou no limbo político carioca.

6 - Medo:

Outro erro feio foi tentar usar novamente a tática do medo. Fizeram em 2002 e não deu certo. Dessa vez, seria medo do despreparo de uma adversária que nunca teve um cargo eletivo.

Faltou captar que o país aprendeu a gostar e respeitar da gestão petista. Seria quase impossível verter esse medo em conquista de votos da Dilma quando do outro lado tem um presidente idolatrado dizendo com fervor ao país que basta votar na sua candidata para que tudo continue caminhando como está.

7 - Gestor Eficiente:

Serra não soube usar seus vários cargos de administrador público para lhe garantir uma imagem de gestor mais qualificado. Sempre que citou sua atuação pública, geralmente tentou comparar um governo de 8 anos atrás, do qual a população não se lembra ou não gostou. Fixou os debates sobre gestão na sua condução dos genéricos e da AIDS. Não ficou claro para o eleitor do restante do país o que ele andou fazendo de bom nesses últimos anos em São Paulo.

Ou seja, Serra perdeu a oportunidade de consolidar sua imagem de administrador, falou muito do tempo que era ministro, talvez para mostrar sua capacidade de abranger todo o país, mas fez um uso aquém do seu período como comandante de São Paulo.

Todos esses motivos, de um lado, e a força de um presidente, que por sua trajetória de vida, se torna um representante legítimo do povo brasileiro, fatalmente levarão Serra ao insucesso nesse domingo, 31 de outubro.

Aos tucanos, fica a lição clara: ou revê seu modo de ser oposição, ou poderá encarar em 2014 ainda um possível retorno de Lula.

Com um país ainda em festa por causa de uma copa do mundo e de uma olimpíada. Ai a coisa fica feia e o PSDB ficará mais um bom tempo longe do poder no país.

sábado, 23 de outubro de 2010

Desemprego Reduz mas até onde devemos comemorar?

O IBGE divulgou essa semana que nosso país atingiu o menor índice de desemprego desde 2002, quando o instituto começou a realizar pesquisar sobre mercado de trabalho.

Embora a mídia tenha divulgado a notícia sob comemorações, é preciso ter muita cautela, pois ainda estamos muito longe do que precisamos e queremos ser. Uma análise mais profunda, direto da fonte (site do IBGE) mostra o quanto ainda temos que evoluir.

Somos atualmente mais de 190 milhões de brasileiros. É claro que não é toda população que é economicamente ativa. Mas segundo o isntituto, somos apenas 10,3 milhões de brasileiros com carteira assinada. É muito pouco!!!

Se o órgão afirma que somos 22 milhões de pessoas ocupadas, conclui-se que metade dos empregos ainda é na informalidade. Isso porque estão fora desta conta quem está no serviço público, militar, que trabalha por conta própria e que é profissional liberal.

Cobrar emprego de quem mais lucra nessa país

Superar o desemprego, aumentar a renda, dar melhor qualidade de vida para a população é um desafio imenso. Uma missão que precisa ser encarada com maturidade, coragem e ousadia. É preciso cobrar dos setores que mais lucram no país responsabilidade social, não em termos de filantropia, mas com geração de emprego e distribuição de renda.

Para exemplificar, recentemente acabou a greve bancária. Ela durou semanas e sinceramente: quem percebeu que teve greve? Principalmente para as pessoas da minha geração, agência bancária quase não é mais necessária. Faz-se tudo pela internet, caixas eletrônicos e centrais de atendimento. Ir ao banco só quando precisamos chorar algo com o gerente.

Sabendo disso, as greves são cada vez menos vistas pelo bancos, com menos atenção da FEBRABRAN, da mídia, do governo... E é aí que mora o problema. No Brasil, as instituições bancárias não têm risco de quebrar. Com juros altíssimos e lucros bilionários, os bancos deveriam ser grandes aliados no combate ao desemprego.

O governo deveria pressionar para que eles mantivessem um quadro de funcionários razoável. Acabariam aquelas incomodas filas, e, por tabela, haveria aumento no emprego formal e a renda populacional.

Outro setor que cada vez mais reduz seu quadro funcional é o de transporte coletivo rodoviário. Aos poucos as empresas de ônibus, principalmente aqui no Rio de Janeiro, vão substituindo os ônibus grandes por microonibus.

Esses veículos menores, trazem motoristas que fazem também as vezes dos cobradores. Um enorme risco ao trânsito, uma vez que esses motoristas trafegam dando troco, recolhendo passagem, perdendo assim sua concentração no seu foco principal: dirigir. Além de comprometer nossa segurança, piorar o trânsito aumentando a lentidão e os engarrafamentos, cada microonibus reduz 3 empregos formais.

O resumo disso tudo é que devemos comemorar, estamos evoluindo, com a menor taxa de desocupação desde 2002, mas, precisamos ser sempre críticos, notar que o país ainda precisa se preocupar muito em trazer dignidade e melhoria ao povo brasileiro.

sábado, 16 de outubro de 2010

Marilena Chaui, mestre e doutura, fala sobre as eleições

Queria fugir do tema, porque já explorei bastante aqui e preciso falar de outros assuntos também. Mas é inevitável compartilhar com vocês sobre os vídeos abaixo. São curtos e carregam rapidamente.

É bom para a democracia quando vozes que são referencias mundiais vêm a público com declarações de posicionamento sinceras e, principalmente: embasadas.

Nos pequenos vídeos abaixo, a filósofa brasileira de maior reconhecimento internacional explica de forma direta e objetiva em quem e porque do seu posicionamento político.

Marilena Chaui é reconhecida mundialmente no meio acadêmico, autora de grandes livros, ela é professora de algumas disciplinas de Filosofia na USP, mestre e doutora. Com prêmios acumulados pelo reconhecimento de sua importância para a formação do saber, tem o título de Honoris Causa em Paris pela sua obra.

Conheça a seguir o que alguém, que tem autoridade para falar sobre educação, filosofia e política pensa sobre essas eleições.






Sobre a Marilena Chaui:

E ai, em quem você vai votar e porque? Eu voto Dilma, por tudo que a Marilena Confirmou!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A realidade de Tropa

Tenho ido com menos frequência ao cinema. Assim que vim morar pertinho de um shopping que tem a rede Cinemark, ia constantemente... Mas nesse final de semana, fui, a pedido dos pais, ver a estréia de Tropa de Elite 2. Não sou chegado a ir em final de semana de estréia, não simpatizo com cinemas lotados. Brasileiro fala muito, bate palma, grita, fica reclamando do filme, etc...etc... Na contra-mão de minha opinião pessoal, valeu muito a pena ter ido ver Tropa logo no lançamento.

Sabia que as vendas estavam elevadíssimas, entrei na internet para conferir se ainda tinha ingresso e veio a primeira surpresa: Quase todas as 8 salas do Cinemark Carioca estavam exibindo o filme em algum horário.

Como sempre, demorei para sair de casa e isso nos custou 3 poltronas. A sala de exibição estava tão lotada que já tinham pessoas na escada! Sei que uns pensariam: "Que merda, sentar na escada!" Mas eu ADOREI! Nossa! Produção nacional, 8 salas exibindo, e eu ainda sentado na escada? Sucesso total!!! Segundo dados do site FilmeB, Tropa já fez nos 3 primeiros dias de exibição mais de 1 milhão e 250 mil espectadores. Mais de 50% das salas estão com o filme em cartaz...

Ok! Uma pena que nossos best sellers ainda sejam filmes que diminuem nossa auto-estima, mostram nossa realidade triste de se ver. Tirando o mega-sucesso Se eu Fosse Você, nosso cinema ainda se resume a retratar a própria miséria do povo brasileiro - e, diga-se de passagem, fazendo isso muito bem. Ainda estamos muito longe do glamour hollywoodiano, mas é nessa fotografia da realidade que o José Padilha, diretor de Tropa, Conseguiu se superar na continuação da película.

Do morro ao planalto

Se o primeiro filme já trazia uma realidade cruel, a sequência é um choque. Nosso super-herói Nascimento - com Wagner novamente perfeito - ao longo do novo filme descobre e joga sobre nós espectadores, toda a sujeira que existe em nosso país. Passamos a sentir a mesma perplexidade que o agora Subsecretário a cada momento que ele descobre que está envolto de lama. Uma pena não ter sido lançado antes da eleição. Se fosse, um bocado de votos teriam sido redirecionados.

O filme retrata, expõe e condena quem realmente financia o tráfico e todas as mazelas da nossa sociedade: As forças políticas. Uma crítica muito bem construída onde as milícias, políticos e bandidos formam um completo sistema que elimina quem é contrário e impera em nossa nação.

Confesso que é até difícil escrever sobre as sensações que o filme traz. E também não me proponho a escrever uma resenha. Vale mais a pena assistir ao filme como fui, sem saber o que esperar e achando que é apenas mais do mesmo... Aqui no blog, o mais importante é a sensação que o filme causa. Esse choque de realidade que constrange, aflige e que, sinceramente, está muito longe de mudar.

No último dia 31 demos 8 milhões dos nossos votos a políticos com ficha suja, e olha que até os de ficha limpa sabemos que nos engana, que dirá os que conseguem a proeza de sujar-se descaramente? O filme mostra o perigo de não tentarmos fazer a melhor escolha. É muito difícil limpar o país dessa sujeira, mas não tentar é ainda pior.

Enfim, para ficar pensativo assim, confuso sobre o que falar, sobre o que pensar, é só dar um pulinho no cinema mais perto de você e ver Tropa de Elite 2. Mais uma vez, o brilhante José Padilha conseguiu por a realidade diante dos nossos olhos a ponto de sairmos do cinema sob aplausos para o filme e vaias para o Brasil.

Já viu o filme? O que sentiu? O que pensou sobre o nosso país? Comenta aí e construa um pensamento coletivo a partir do texto!